Introdução
Viajar em família sempre foi uma das nossas maiores paixões. Mas, com a chegada do nosso filho, sabíamos que as aventuras ganhariam um novo ritmo — e um novo olhar. Quando decidimos encarar uma trilha na Chapada dos Veadeiros com nosso bebê de 2 anos, muitos amigos perguntaram se tínhamos certeza do que estávamos fazendo. A resposta? Não totalmente. Mas estávamos prontos para tentar, aprender e aproveitar cada passo.
A Chapada sempre esteve no nosso radar, com suas cachoeiras exuberantes, trilhas de tirar o fôlego e uma energia única. Parecia ousado encarar esse destino com um pequeno explorador a tiracolo, mas acreditamos que a natureza também é lugar de criança. E foi assim que começou essa jornada.
Viajando com um bebê de 2 anos: nosso relato de uma trilha na Chapada dos Veadeiros foi inesquecível e surpreendente. Vivemos momentos desafiadores, engraçados e emocionantes — e queremos compartilhar tudo com você, para inspirar e mostrar que é possível, sim, trilhar caminhos incríveis em família.
Por que Escolhemos a Chapada dos Veadeiros
A Chapada dos Veadeiros, localizada no coração de Goiás, é um daqueles lugares que parecem ter saído de um sonho. Com paisagens que misturam cânions imensos, cachoeiras cristalinas, vegetação do cerrado e um céu estrelado de emocionar, o parque é um convite aberto à conexão com a natureza. Já havíamos visitado a região antes de termos filho, e ela sempre nos deixou com vontade de voltar — dessa vez, com ele junto.
O que nos atraiu novamente foi a combinação entre aventura e estrutura. A região conta com uma boa rede de pousadas, restaurantes acolhedores e trilhas com diferentes níveis de dificuldade — algumas acessíveis até para quem está com crianças pequenas. Além disso, muitas atrações ficam próximas das vilas de Alto Paraíso e São Jorge, o que facilita muito a logística com um bebê.
Outro ponto positivo é o clima de acolhimento. A Chapada recebe viajantes do mundo inteiro, e sentimos que há um respeito genuíno pelo ritmo de cada visitante, inclusive os mais lentos — como nós, com nosso pequeno nas costas. A vibe é tranquila, alternativa e familiar, o que ajudou bastante a nos sentirmos à vontade durante toda a experiência.
Em resumo: queríamos um destino que unisse beleza natural, estrutura razoável e a chance de apresentar a natureza de verdade ao nosso filho. A Chapada dos Veadeiros entregou tudo isso — e muito mais.
Preparativos Antes da Viagem
Viajar com um bebê exige um pouco mais de planejamento — e, no caso de uma viagem com trilha, esse cuidado dobra. Antes de colocarmos o pé na estrada rumo à Chapada dos Veadeiros, passamos algumas semanas organizando cada detalhe, sempre pensando no bem-estar e na segurança do nosso filho (e na nossa tranquilidade também).
Rota e escolha das trilhas
Nossa primeira decisão foi em relação ao trajeto até o destino. Escolhemos ir de carro, saindo de Brasília, para termos mais liberdade com paradas, horários e espaço para a bagagem. Chegando lá, pesquisamos trilhas de nível leve a moderado, que fossem possíveis com criança e oferecessem pontos de descanso e sombra ao longo do caminho.
Uma das trilhas escolhidas foi a do Vale da Lua, por ser de fácil acesso, ter uma paisagem surreal e não exigir grandes caminhadas. Também consideramos opções como a Cachoeira dos Cristais e os Saltos do Rio Preto (com trechos moderados, mas administráveis com mochila cargueira). Evitamos trilhas muito longas ou íngremes.
Hospedagem: conforto em primeiro lugar
Na hora de escolher onde ficar, nossa prioridade foi o conforto. Buscamos pousadas com quartos amplos, cozinha compartilhada ou frigobar (essencial para preparar ou armazenar alimentos do bebê), área verde e, se possível, um clima acolhedor. Ficamos em uma pousada próxima a São Jorge, que além de charmosa, tinha uma estrutura bem amigável para famílias — inclusive com redes e gramado para nosso filho brincar com segurança.
Mochila de pais aventureiros: o que levamos
Organizar a mochila foi um exercício de equilíbrio entre o essencial e o leve. Levamos:
Alimentação: frutas cortadas, biscoitos naturais, garrafa térmica com papinha caseira, e bastante água.
Roupas: troca completa para o bebê (roupas leves, capa de chuva infantil, chapéu, chinelo e tênis), além de uma muda extra para nós.
Itens de cuidado: fraldas, lenços umedecidos, pomada, álcool em gel, repelente infantil, protetor solar e uma mantinha fina.
Gadgets úteis: lanterna de cabeça, powerbank, celular com GPS offline, câmera compacta.
Transporte do bebê: usamos uma mochila cargueira ergonômica, com bom suporte lombar, capuz e bolsos laterais — essencial para trilhas e cochilos.
Essa etapa de organização fez toda a diferença durante a viagem. Saber que estávamos preparados nos deu liberdade para aproveitar o passeio com mais leveza e segurança..
Nosso Equipamento Essencial
Quando decidimos encarar trilhas com um bebê de 2 anos, sabíamos que o sucesso da experiência dependeria muito do equipamento certo. Cada item foi escolhido com base em conforto, praticidade e segurança — tanto para o bebê quanto para nós.
A mochila cargueira: nossa melhor amiga na trilha
Sem dúvida, a estrela do equipamento foi a mochila cargueira ergonômica. Escolhemos um modelo específico para trilhas, com suporte lombar reforçado, estrutura interna firme, acolchoamento e capuz retrátil (ótimo contra sol e vento). Também tinha bolsos laterais — perfeitos para guardar garrafa de água, lanches rápidos e brinquedinhos.
Ela permitiu que nosso filho curtisse o passeio com conforto, tirasse cochilos em movimento e estivesse sempre seguro, mesmo nos trechos mais irregulares.
Protetor solar e repelente: uso obrigatório
O sol na Chapada é forte, então o protetor solar infantil de amplo espectro foi aplicado várias vezes ao dia. Já o repelente foi essencial por causa dos mosquitos e borrachudos, especialmente nas áreas próximas às cachoeiras. Optamos por produtos específicos para crianças, com fórmulas suaves e seguras.
Lanches e hidratação
Sabíamos que uma criança com fome é sinônimo de caos. Levamos sempre uma bolsinha térmica com:
Frutinhas picadas (banana, maçã, uva sem semente)
Biscoitinhos caseiros ou sem açúcar
Sucos naturais em garrafinhas pequenas
Muita água para todos (em garrafas resistentes e fáceis de usar)
Fraldas e kit higiene compacto
Mesmo sendo um bebê em fase de desfralde, as trilhas não têm banheiro, então mantivemos a rotina de fraldas. Levamos um kit leve com:
Fraldas descartáveis
Trocador portátil
Lenços umedecidos e álcool em gel
Sacolinhas para descarte
Itens extras de segurança e conforto
Chapéu com proteção UV e roupas leves, de manga comprida (ajudam contra o sol e insetos).
Tênis antiderrapante para ele e para nós.
Toalhinha de microfibra, pequena e de secagem rápida.
Cobertorzinho leve, que usamos em paradas longas ou cochilos fora da mochila.
Mini kit de primeiros socorros, com curativos, antisséptico e termômetro.
Esse conjunto de equipamentos nos deu a segurança de seguir a trilha sabendo que, mesmo diante de imprevistos, estaríamos preparados. E, com o bebê confortável e protegido, a experiência se tornou muito mais tranquila — e divertida!
A Trilha Escolhida e Nossa Experiência
Para essa aventura em família, escolhemos uma das trilhas mais conhecidas (e acessíveis) da região: o Vale da Lua. A escolha foi estratégica — buscávamos uma trilha de curta duração, com terreno relativamente fácil e paisagens que compensassem cada passo. E foi exatamente isso que encontramos.
O caminho até o Vale da Lua tem cerca de 1,2 km (ida e volta), com percurso bem demarcado, áreas sombreadas e trechos de terra batida. A parte final exige mais atenção, pois envolve pedras e escadas naturais que levam às formações rochosas esculpidas pela água — verdadeiras crateras lunares que dão nome ao lugar. O visual é impressionante: um contraste entre o cinza das rochas e o azul das piscinas naturais, com vegetação do cerrado ao redor e o som constante da água correndo entre as pedras.
E como foi com nosso bebê de 2 anos?
Surpreendentemente tranquilo. Nos trechos iniciais, ele quis caminhar sozinho, explorando tudo ao redor: folhas secas, galhinhos, formigas atravessando o caminho. A trilha virou um grande “parquinho sensorial”. Quando cansava (ou se empolgava demais perto das pedras), colocávamos na mochila cargueira, onde ele se sentia seguro e até cochilou por alguns minutos durante a volta.
Fizemos várias paradas curtas para hidratar, lanchar, brincar com pedrinhas e sentir a água gelada nas mãos. Em uma delas, estendemos uma canga e ficamos deitados observando o céu — um momento simples, mas que virou um dos nossos favoritos da viagem.
A interação dele com a natureza foi espontânea e linda. Ele tocava nas texturas das rochas, ouvia o barulho da água com atenção e imitava os sons dos passarinhos. A cada nova descoberta, era como se estivéssemos vendo tudo pela primeira vez também.
A trilha do Vale da Lua nos mostrou que, com o ritmo certo e o olhar aberto, é possível viver uma experiência profunda mesmo em percursos curtos. Não foi apenas uma caminhada — foi uma conexão familiar, com a natureza e com um tempo mais simples, mais presente.
Desafios e Surpresas no Caminho
Mesmo com todo o planejamento, sabíamos que imprevistos poderiam acontecer — afinal, estávamos viajando com um bebê de 2 anos. E sim, eles aconteceram. Mas, curiosamente, foram esses momentos que mais nos ensinaram e tornaram a experiência ainda mais especial.
A chuva surpresa
No início da trilha, o tempo estava firme, mas bastaram 15 minutos de caminhada para o céu fechar e uma chuva fina e persistente começar a cair. Felizmente, tínhamos levado uma capa de chuva infantil e também capas para nós e para a mochila cargueira. O mais curioso foi que nosso filho achou tudo muito divertido — ficou rindo ao ver as gotinhas escorrendo nas folhas e esticava a mão para senti-las. Pra ele, aquilo era só mais uma brincadeira.
Cansaço e sono em horário diferente
Como o passeio começou de manhã, esperávamos que o cochilo do bebê viesse só no retorno. Mas com o ritmo mais calmo e o embalo da trilha, ele pegou no sono no meio do caminho, ainda na ida. Tivemos que adaptar: fizemos uma pausa mais longa, colocamos a mochila no chão, cobrimos com uma canga e deixamos ele dormir ali mesmo, em meio aos sons da natureza. Foi um momento de descanso para todos nós.
As birras? Elas vieram, sim.
Houve um momento específico em que ele quis descer da mochila e se recusar a continuar — justamente em um trecho mais delicado, próximo às pedras escorregadias. Respiramos fundo e usamos a tática do “distração criativa”: mostramos um passarinho colorido (que, sorte nossa, realmente estava ali) e inventamos uma pequena “missão de resgate” que só ele poderia cumprir. Funcionou — e seguimos em frente.
O que deu certo (e o que nem tanto)
✅ Flexibilidade de horários: não tínhamos roteiro rígido e isso ajudou muito a adaptar pausas, cochilos e refeições.
✅ Mochila cargueira ergonômica: essencial para os cochilos e para os momentos de cansaço total.
✅ Lanchinhos práticos e familiares: evitamos testar novidades no dia, e isso evitou recusas e desconforto.
❌ Subestimamos o tempo da trilha: mesmo sendo curta, com um bebê tudo leva mais tempo. Aprendemos a não apressar.
Esses pequenos desafios fizeram parte da aventura. Encaramos cada um com leveza (ou tentamos!), entendendo que a trilha não era só física — era também sobre paciência, escuta e adaptação.
O Que Aprendemos com Essa Aventura
Essa trilha na Chapada dos Veadeiros foi muito mais do que um passeio em meio à natureza. Foi uma aula prática de escuta, presença e conexão em família. Viajar com uma criança pequena nos obriga a mudar o ritmo, observar mais e aceitar o inesperado com um certo bom humor. E, no fim das contas, isso transforma completamente a experiência — para melhor.
Reflexões sobre viajar com crianças pequenas
Percebemos que as crianças não precisam de muito para se encantar. Um galho virando varinha, uma folha que voa com o vento, uma pedra que brilha no sol — tudo vira motivo de fascínio. Ao acompanhar o olhar do nosso filho, redescobrimos a trilha também.
O tempo desacelera, sim. As paradas aumentam, e o trajeto pode ser imprevisível. Mas isso nos forçou a estar ali, inteiros. Sem pressa de chegar, apenas vivendo o agora — o que, convenhamos, é um presente raro na vida corrida de adultos.
Benefícios que sentimos no bebê e na família
Ele dormiu melhor nos dias de trilha, provavelmente por gastar energia de um jeito saudável.
Começou a nomear elementos da natureza depois da viagem (pedra, água, flor…).
Ficou mais curioso e observador nos dias seguintes.
E nós, como pais, nos sentimos mais conectados — entre nós e com ele.
Estar na natureza também trouxe um certo equilíbrio emocional. O silêncio, o ar puro, o som da água… tudo isso nos acalmou e nos ajudou a enfrentar os desafios do dia com mais leveza.
Dicas para quem quer se aventurar com um bebê
🧭 Comece com trilhas leves e bem sinalizadas. A segurança vem em primeiro lugar.
🎒 Invista em uma mochila cargueira confortável. Vai ser sua aliada.
🕒 Respeite o tempo da criança. Ela não está lá para “cumprir metas”.
🥪 Leve lanches conhecidos. Viagem não é hora de testar novos sabores.
🌿 Inclua o bebê na experiência. Deixe ele tocar nas folhas, ouvir os sons, brincar com o que a natureza oferece.
🧘🏽 Aceite os imprevistos. Eles fazem parte — e muitas vezes rendem boas histórias.
Essa aventura nos ensinou que viajar com filhos pequenos não é sobre fazer tudo como antes, mas sobre descobrir novas formas de viver o caminho. E, quando a gente aceita essa mudança, descobre que o mundo continua incrível — talvez até mais.
Dicas Rápidas para Trilhar com um Bebê de 2 Anos
Se você está pensando em se aventurar por trilhas com um pequeno explorador a tiracolo, aqui vão algumas dicas que aprendemos na prática e que podem fazer toda a diferença — especialmente em lugares como a Chapada dos Veadeiros:
🧳 Antes da Trilha
Pesquise bem o percurso: escolha trilhas curtas, com sombra, acesso fácil e possibilidade de retorno rápido.
Cheque a previsão do tempo: a Chapada pode ter mudanças climáticas rápidas, especialmente no período das chuvas.
Planeje os horários: prefira sair cedo para evitar o sol forte e conciliar com os horários de sono e alimentação do bebê.
🎒 O que levar
Mochila cargueira ergonômica (com capuz e suporte lombar).
Roupas leves, chapéu e calçado fechado (para adultos e bebê).
Protetor solar e repelente infantil.
Lanches leves, frutas e bastante água.
Fraldas, lenços umedecidos e uma muda de roupa extra.
Sacolinhas para lixo e trocas.
Canga ou toalha para pausas.
🚶🏽♀️ Durante a Trilha
Mantenha o ritmo da criança: se ela quiser andar, incentive. Se cansar, carregue com carinho.
Faça pausas frequentes para descanso, hidratação e exploração.
Estimule a interação com a natureza, com segurança e supervisão.
Esteja preparado para mudar os planos — flexibilidade é chave.
⚠️ Pontos de Atenção na Chapada dos Veadeiros
Algumas trilhas têm trechos com pedras escorregadias ou escadas naturais — redobre a atenção.
Mantenha o bebê longe das bordas das cachoeiras e sempre no colo ou na mochila.
Use roupas de manga longa leves para proteção extra contra sol e insetos.
Evite trilhas em dias muito quentes ou logo após chuvas fortes, que podem deixar o caminho perigoso.
Lembre-se: a trilha com um bebê não é sobre ir longe — é sobre viver intensamente cada pedacinho do caminho. 🧡
Conclusão
Fazer uma trilha na Chapada dos Veadeiros com nosso bebê de 2 anos foi, sem dúvida, uma das experiências mais marcantes da nossa vida em família. Não foi perfeita — teve cansaço, ajustes de rota e alguns imprevistos. Mas foi real, rica em descobertas e cheia de momentos que guardaremos para sempre.
Aprendemos que é sim possível viver aventuras ao ar livre com crianças pequenas, desde que a gente abrace o ritmo da infância, planeje com carinho e esteja disposto a trocar a pressa pela presença.
Se você está em dúvida se vale a pena embarcar em uma jornada como essa, nossa resposta é: vale muito. A conexão que nasce entre pais, filhos e natureza é algo que nenhum roteiro fechado de viagem consegue oferecer.
Viajando com um bebê de 2 anos: nosso relato de uma trilha na Chapada dos Veadeiros foi inesquecível e surpreendente. E esperamos que inspire você a viver sua própria aventura — no tempo da sua família, com o coração aberto e os pés na terra.